Review: Uncharted 3

Quando jogamos Uncharted 1 pela primeira vez, nós temos a sensação de que nunca vimos um game com gráficos tão incríveis e cenários cheios de natureza realista. E então surge Uncharted 2, que oferece a você gráficos ainda melhores e com uma narrativa tão distinta que nunca vimos em um jogo até então, pelo fato de que eles conseguem te apresentar a história ao mesmo tempo em que você joga e controla o seu personagem no jogo. E finalmente, quando estamos imaginando como a Naughty Dog poderia nos trazer o novo Uncharted com inúmeras surpresas como os jogos anteriores, nós nunca poderíamos esperar que seria tudo isso. Por mais que acreditássemos que o jogo seria ótimo, nós nunca esperaríamos que ele fosse tão especial como é! E é exatamente por isso que eu estou sempre dizendo que a Naughty Dog é uma das mais incríveis empresas de games que eu conheço até então e, que assim como eu, devem haver outras milhões de pessoas sonhando em trabalhar lá algum dia.

Uncharted 3: Drake´s Deception possui a mesma trama inicial focada em algo que está sempre presente nos jogos da série. Nathan Drake está em busca de um tesouro perdido em uma misteriosa terra no meio do nada deserto e, para isso, ele tem a presença do seu inseparável amigo Victor Sullivan. Mas mesmo se apresentando com o mesmo clichê de sempre, dessa vez nós percebemos que o objetivo principal da sua busca na história não é exatamente apenas o tesouro, mas sim as respostas para algumas questões não respondidas que Nate vem carregando há tanto tempo. A história é muito mais! É sobre a infância de Nate, seus sentimentos, o que ele acredita e o quão orgulhoso ele pode ser, ao ponto de arriscar a sua vida e a de seus amigos.

Nós nos deparamos com duas opiniões contrárias aqui. Esse roteiro é um dos mais vagos de todos da série, ou na verdade um dos mais fortes? Eu digo isso porque diferentemente dos outros dois jogos anteriores, você nunca sente como se você estivesse realmente em busca do tesouro perdido. É claro que você está a procura de pistas da localização exata em que o tesouro se encontra, você está lidando com inimigos que querem o mesmo que você e, está arriscando a sua vida para isso. Porém, durante quase toda a história, eu não senti que os personagens principais realmente querem achar o precioso tesouro como antigamente. Exatamente por isso eu me questiono se isso é algo bom ou não. É como se Amy Hennig – Game Director e Script Writer da Naughty Dog – finalmente escreveu uma história que absorve os jogadores em algo mais íntimo e excitante.

O pequeno ladrão

Logo após a primeira cena do jogo – que por sinal acontece em um Pub de Londres – no fim do primeiro capítulo nós somos levados aos primeiros passos de Nathan de quando ele ainda era um pequeno ladrão e caçador de tesouros. Nós podemos controlar o Nathan de 20 anos atrás através das coloridas ruas da Colombia, entender melhor como sua infância foi influenciada por tudo e de que maneira incomum ele conheceu Sullivan e começou a sua amizade.

É interessante se dar conta de como foi a vida de Nathan e todas as dificuldades que ele passou. E é incrível perceber como a história consegue juntar todos os antigos personagens da série e encaixá-los de uma maneira natural.

Uma nova personagem também é apresentada e ela é a vilã em Drake´s Deception. Seu nome é Marlowe e ela está presente na infância de Nate. Marlowe é a primeira vilã feminina da série Uncharted, e ela consegue ser ao mesmo tempo que uma mulher manipuladora, uma pessoa que se importa com Nate de uma maneira bem diferente. Ela está em busca dos mesmo tesouro que o nosso heróis procura há 20 anos.

Riqueza visual em todos os aspectos

Toda vez a Naughty Dog foca-se em um tipo diferente de ambientação principal. Nos primeiros dois jogos nós ficamos surpresos com a excelente natureza realística, água e cenários na neve, respectivamente. Dessa vez, graficalmente falando, nós podemos notar que eles tiveram um enorme upgrade com cenários ainda mais realistas e apresentando pela primeira vez um enorme deserto cheio de efeitos de areia. Com todas referências que o time pesquisou, eles foram capazes de criar uma física em tempo real de areia bem realista, apresentando exatamente como a areia reage quando alguém anda por cima dela. É incrível e indescritível quando Nate está caminhando pelo deserto, tentando se manter firme e em pé, para sobreviver em seu rumo sem direção.

O time de Level Design possui um monte pesquisas baseadas em todos os cenários para criá-los da maneira mais fiel possível. Cada detalhe foi profundamente estudado, possibilitando a criação de uma atmosfere muito próxima da realidade para cada um dos lugares. Eles visitam cidades como Cartagena, na Colômbia, Pubs de Londres e até mesmo castelos na Síria, para conseguir o melhor resultado na criação dos novos cenários do jogo. O resultado final que tiveram é de impressionar qualquer um. A riqueza de detalhes é tanta que até me lembra em alguns momentos o jogo Assassin’s Creed, mas com cores mais fortes e vibrantes.

Como se isso já não fosse o suficiente, Drake’s Deception consegue nos impressionar ainda mais com todos os seus efeitos de iluminação e render, que nunca vimos até então em um jogo de PS3. É impossível não concordar que nos sentimentos como se estivéssemos jogando um filme de ação de hollywood em tempo real.

Barbie, a nova geração

Se existe uma coisa que Nathan não deixa de fazer em Drake’s Deception é trocar as suas roupas. Eu tomei nota de todos os momentos em que ele apareceu usando um novo conjunto de roupas, apenas trocou entre as anteriores, ou acrescentou um novo acessório. Naughty Dog não ficou parada quando se tratava de criar novos visuais para o novo herói.

Durante o jogo, Nate variou entre visuais como um elegante smoke preto, seus jeans e camiseta verde para o uso em florestas, camiseta branca de manga cumprida, depois adicionando um lenço Palestino azul para as fases no deserto e, finalmente, retornando para a tradicional camiseta verde novamente.

Uma nova cereja na antiga receita de bolo

De modo geral o jogo segue o mesmo gameplay similar aos antigos da série. Todo o progresso durante o jogo é apresentado por um gameplay que te engana criando uma falsa idéia de liberdade que não existe. Por mais diferente que seus combates possam ser, o resultado finalmente é sempre o mesmo, parecendo que você está seguindo um ritmo de quick-time events constante. Mas o que beneficia esse ritmo de jogo é que a narrativa convence que você tem o controle de suas escolhas e o que principalmente importa no fim são as cenas que você assistiu através desses resultados.

Dessa vez o jogo se foca em combate corpo a corpo. É claro que os momentos de grandes tensões e tiroteios ainda estão inclusos nesse jogo, assim como sempre. Mas agora você também possui a opção de atacar os seus inimigos com diferentes tipos de porradas e até mesmo roubar as suas armas e granadas durante a sua defesa contra eles, ou durante os seus contra-ataques.

Outra coisa que faz com que o gameplay seja mais divertido e variável é como o Level Design se torna importante para o gameplay. Dessa vez você têm mais opções para aproveitar dos cenários e usá-los a seu favor, desviando dos tiros dos inimigos, escalando plataformas e até mesmo aproveitando objetos dos cenários para atacar os seus rivais, como por exemplo, utilizando-se de cadeiras e garrafas.

É claro que vimos alguns glitches durante o gameplay. Um dos mais notáveis e frequentes é durante a fase de combate em cima do cavalo. Em alguns momentos nós podemos notar que é impossível Nate saltar de volta para as costas do cavalo, dependendo da posição em que ele estava anteriormente. Mas mesmo assim ele simplesmente aparece nas costas, se teletransportando, como se isso fosse totalmente normal. Aliás, vale um pequeno comentário aqui: essa fase é sensacional!

De modo geral o gameplay se alterna entre ação e quebra-cabeças, com bem desenvolvidas cutscenes fazendo você se sentir como se não estivesse passando muito tempo em apenas uma atividade durante o jogo. Eles souberam como combinar todos os capítulos de uma maneira que você não consegue parar de jogar até resolver tudo. Porém, mesmo assim o jogo segue uma sequência linear e sem muitas dificuldades em seu progresso.

Sem muitas delongas posso acrescentar que a trilha sonora também é algo que merece o nosso parabéns. Todas as cenas de ação foram perfeitamente representadas através das músicas, assim como as cenas mais sensíveis e calmas do jogo. E quanto a dublagem, Drake’s Deception também permanece com a qualidade impecável dos jogos anteriores, talvez decepcionando um pouco nas dublagens no idioma Português-BR, em respeito a algumas incoerências.

Amantes da Naughty Dog

A série Uncharted sempre foi uma boa pedida para os apaixonados em games, os curiosos e especialmente os Game Designer. Os extras com diversos making-of ainda estão disponíveis no jogo. Sem mencionar a varidade de opções de dublagem e legendas em diversos idiomas, incluindo o nosso Português do Brasil.

É claro que o jogo – assim como todos! – possuí algumas falhas. Mas eu acredito que as qualidades que o mesmo oferece aos jogadores e todo o afeto e paixão que nós podemos perceber na produção do jogo, faz com que qualquer ligeira falha seja aceitável ao ponto de colocar Uncharted 3: Drake’s Deception na lista de um dos melhores jogos já desenvolvidos.

Minha nota pessoal: 5/5